Há quatro anos no ar, o podcast Tecnocracia do Manual do Usuário possui 75 episódios e fala sobre o impacto de grandes empresas de tecnologia na vida das pessoas. Mais recentemente um novo episódio foi ao ar: O papel das big tech nas eleições brasileiras de 2022.
O CastNews conversou com o produtor e roteirista Guilherme Felitti sobre a produção do podcast, seus objetivos e a escolha do jornalista por episódios sem trilhas sonoras ou diversos convidados.
Guilherme Felitti é jornalista e trabalhou na Época Negócios antes de criar seu próprio podcast. Ele também atuou como comentarista de tecnologia da CBN. Desde 2016, ele possui sua própria empresa de análise de dados, a Novelo Data.
Felitti também foi convidado por Rodrigo Ghedin, do Manual do Usuário, a criar um podcast. Ele optou por um projeto que desse um enfoque mais crítico à tecnologia: “Desde que comecei minha carreira de jornalista, o mercado de tecnologia esteve envolto em um otimismo, uma certeza quase religiosa de que estas empresas só podem fazer o bem à sociedade. Passados 15 anos, já existem incontáveis exemplos de como essas operações introduziram problemas tão graves quanto ou até piores que os problemas que inicialmente se propuseram a resolver”, disse ele.
Ainda neste campo, Guilherme explicou que o objetivo do Tecnocracia é pensar em voz alta sobre o papel que empresas grandes de tecnologia possuem sobre a vida das pessoas, uma vez que “elas são responsáveis pela maior máquina de comunicação da história da humanidade”. O podcast já alcançou o top 3 na categoria “tecnologia” do Spotify e hoje é o #5 do Apple Podcasts.
Passados 15 anos, já existem incontáveis exemplos de como essas operações [das grandes empresas de tecnologia] introduziram problemas tão graves quanto ou até piores que os problemas que inicialmente se propuseram a resolver.
Sobre o novo episódio publicado em 20 de julho, intitulado “O papel das big tech nas eleições brasileiras de 2022”, Guilherme contou como surgiu a ideia: “Estava claro até mesmo antes de 2022 que as plataformas teriam um papel muito relevante no ciclo eleitoral mais relevante desde a redemocratização do Brasil. Se mantivessem a postura omissa e desinteressada que estavam demonstrando nos últimos anos (alguns episódios do Tecnocracia foram sobre isso antes de 2022), a democracia brasileira corria riscos. Como maior veículo das discussões públicas e principal campo de batalha eleitoral, era inegável que seria preciso uma ação mais ativa das plataformas para evitar ações irregulares ou em suas regras de plataforma, ou na Constituição e Código Penal”.
O jornalista e podcaster então explicou que juntou informações durante o segundo semestre de 2022 para a produção desse episódio. Como eram muitas informações, ele decidiu quebrar em mais episódios – ainda a ser definido quantos. O que se sabe é que o primeiro já conta com 50 minutos, o maior da história do Tecnocracia.
O processo de produção do Tecnocracia
Outro ponto de atenção do Tecnocracia, para além do tema, é o seu processo de produção. Guilherme não recebe convidados e não há vinheta ou efeitos sonoros.
Quando perguntado sobre o porquê dessas escolhas, Guilherme foi enfático: “O segredo não é a vinheta, é a profundidade do roteiro e a narração”.
Ele explicou que desde 2005 já trabalhou em outros podcasts e percebeu como o processo de pós-produção era demandante. Com isso, o Tecnocracia foi pensado desde o princípio como um projeto em que o foco de trabalho está na escrita dos roteiros.
“Se eu erro a gravação (o que acontece com frequência), eu volto no Audacity e gravo de novo até ter um arquivo que está praticamente pronto para ser publicado. O Ghedin faz uma ou outra edição super pontual. Historicamente, o público nunca se incomodou”, disse Guilherme.
O podcast Tecnocracia está disponível no site oficial do Manual do Usuário, no Spotify, no Apple Podcasts e diversas plataformas de áudio. O segundo episódio do “O papel das big tech nas eleições de 2022” ainda será lançado.